terça-feira, 28 de julho de 2009

"Avecs"

Eu trabalho num espaço de divertimento, para além de limpar a minha função é servir às mesas, e trabalhar num balcão. O trabalho é optimo, os meus patrões são cinco estrelas e trabalham tanto como nós, quem lá vai pensa que são empregados também, e os colegas de trabalho são espetaculares. Andamos sempre na brincadeira uns com os outros.
Mas o que é certo é que nesta altura do ano recebemos muito emigrantes, principalmente "avecs", e então é uma risota pegada muitas vezes porque os meus patrões são antigos emigrantes que abandonaram tudo para construir o sonho deles, e então ficaram um pouco chocados quando viram o preconceito que há com os "avecs", eles não tinham essa ideia. No ínicio ficaram um pouco tristes mas agora até brincam com a situação, porque já entenderam que não são todos e que o nome "avecs" existem devido a alguns e à sua maneira de agir quando cá chegam, mas é claro que não podemos mete-los no mesmo saco.
Eu só noto se são emigrantes quando falam ou então quando se vestem demasiado estravagantes. pelo aspecto nunca sei.
As melhores frases que já disseram lá foram:
  • Como é que isto marcha(funciona)?
  • Eu já vim de vacances (férias) há duas semanas!
  • A tour da minha filha não funciona.
  • Quanto custam estas batatas frites? São de fromage!
  • Isto está encerrado?
  • Hummm, a bock, biere, bock!
  • Onde é a pubela?

E depois de tantas pérolas e outras mais que não me lembro,eu própria também dou umas quantas calinadas, eu já as dou antes de eles chegarem mas com tantas palavras afrancesadas np sabado fui servir uma mesa e passou se o seguinte:

O que eu percebi foi tem pizza jabon e eu disse na minha boa fé disse: Não, aqui não fazemos pizzas! só hamburgueres e cachorros... e a mulher disse-me: Não! É uma bebida! E fez se luz e eu disse:Ah! Pisang Ambon e ele sim é isso! O que valeu foi que eram simpáticos e acabamos todos a rir...

Eu sei que já há algum tempo que não escrevo mas tenho trabalhado tanto e ido para a cama tão tarde que aproveito a folga para descansar ao máximo,ou seja, segunda-feira para ir à praia e a terça para dormir ou então fazer umas comprinhas, que eu também mereço!:)
Desde aquele maravilhoso escaldão que tenho voltado à praia mas não pensem que estou muito morena, pois da segunda vez não tirei a t-shirt e não saí da sombra do guarda-sol e ontem também não sai da sombra, parecia as velhotas quando vão à praia... ai não, "gato escaldado de água fria tem medo", como diz o provérbio, e eu ainda ando a esfolar, digamos que não perdi tudo porque até ganhei uma pele nova:). Mas ontem mudamos de praia, ainda mais para o norte e foi o pior dia de praia que tivemos....tava muito vento, só dava para estar lá na praia com alguma coisa a tapar o vento e mesmo assim estava cheia de areia, parecia um croquete, cmo disse o meu amigo C., o que levou à risota de toda a gente quando realmente viram como eu estava... ~
Então! Eu não gosto de praia, detesto a areia, as crianças a correr e a deitar areia para cima de nós mas detesto principalmente, praia com vento...é que aí não dá para nos livrarmos mesmo da areia, o vento encarrega-se de atirar com ela para todos os sitios, eu até areia tinha nas orelhas quando chequei a casa, ninguém merece!!! Mas dá para relaxar, descansar e distrair a cabeça de todos os problemas....

quarta-feira, 15 de julho de 2009

Só a mim !!!

Esta foto mostra um pouco de como eu fiquei nas costas, para além de pernas, cara e barriga...
AI! Doi tanto...........
Pois é na segunda-feira passada fui à praia com a minha patroa, o C., que trabalha comigo e a sobrinha e o filho dos meus patrões. Eu para ser sincera não gosto muito de praia mas tanto insistiram que eu também fiquei com vontade de ir... Só que a noite de ontem e o dia foi e ainda está a ser um martírio, tou com um escaldão daqueles que nem a roupa se aguenta, que arde, dói e que quando se toma banho é um sacrifício, tou toda vermelha parece que tenho um bikini tatuado na pele. Eu estava a pensar que vinha tipo camarão, porque eu sou muito branquinha, do tipo que quando vai à praia faz publicidade à lixívia, nunca imaginei foi que ficasse no estado em que fiquei. Bem feito para mim, quem me manda pôr ao sol, logo o das praias do norte que queimam mais. :)


segunda-feira, 6 de julho de 2009

"Todos caem mas apenas os fracos ficam no chão"

Eu criei este blog para poder escrever aquilo que me vai na alma. Para poder escrever sem medo, sem receio de dizer tudo aquilo que eu sou, tudo aquilo que passei.
Eu não sou melhor nem pior que ninguém, nem a minha história é uma coisa do outro mundo, tenho plena noção que a todos os dias e a todas as horas por todo o mundo há pessoas que passam bem pior do que eu mas a minha história é a minha, e felizmente ou infelizmente fez de mim aquilo que eu sou hoje.
Se eu escrevo tudo aquilo pelo qual passei é para ver se arranco de alguma forma as lembranças, as angustias, os calafrios, os medos de recair, a tristeza que muitas vezes toma conta de mim... porque as marcas deixadas, essas sei que já estão entranhadas de tal maneira que nem tento sequer apagá-las, já fazem parte de mim... transformaram-me naquilo que sou hoje, ou seja, numa rapariga de 25 anos que sorri por fora e chora lágrimas de sangue por dentro... que quando a alma já não aguenta se deixa abater, deixa transparecer toda a tristeza que tenho em mim. Eu bem tento ser alegre, sorrir, esquecer mas não consigo... e por isso enquanto puder irei escrever aqui a minha história de vida, uma história diferente mas igual a tantas outras e para além disso alguns pedacinhos do meu presente.
Queria agradecer a todos aqueles que me visitam aqui no blog, principalmente a todos os que deixam as suas palavras, aos quais peço desculpa por não responder, mas por vezes não sei como hei-de retribuir todo o carinho, toda a atenção, toda a amizade.... OBRIGADA do fundo do coração....
E como disse Bob Marley: Todos caem mas apenas os fracos continuam no chão, e se há coisa que eu não quero mais ser é fraca, bastou-me a fraqueza que quase me destruiu a vida, lutarei até ao fim para tentar não ser derrubada.

quarta-feira, 1 de julho de 2009

Memórias de uma ex-toxicodependente #4

Cada dia que passava o organismo exigia mais, mais droga para saciar aquele desejo de aleniação da realidade. O dinheiro começava a escassear, pois não era suficiente para as doses que compravamos. Depois da experiência com o M., eis que antigo traficante de droga sai da prisão e leva-nos para esquemas dos quais eu jamais pensei fazer parte. A início não ia no meu carro mas com o tempo e depois de tanto insistirem eu era a condutora. Geralmente era um puto de 19 anos que já injectava mas tinha o pé um pouco pesado e mais o problema de quando se injectava desmaiar, tanto que da primeira vez que isso aconteceu eles pensaram que ele tinha morrido, resolveram que eu era o melhor. Mulher, naquela altura sem aspecto de ser agarrada e se fossemos mandados parar sempre podia pôr os pacotes no soutien pois geralmente quem faz a revista ao carro no caso de parar eram homens e esses não me podiam revistar. Naquela altura já estava por tudo, alinhei...
Nessa altura ainda não estava dependente, consumia durante a semana e ao fim de semana e férias da universidade conseguia controlar, muitos achavam estranho. Eu não sabia o que pensar. Todos os dias fazia viagens de 30 km mais ou menos para comprar droga, primeiro para o tal traficante que tinha saído da cadeia e voltado ao activo e depois para nós. No início custou um pouco, andava perto de casa, sempre com medo de ser descoberta por alguém, depois com o hábito fui-me habituando.
Costumavamos comprar para consumo e para desenrascar alguns. Cada vez mais dinheiro, mais droga e o dinheiro da renda da casa, da comida e até das aulas ia para o nosso vicío. Tivemos que sair da casa em que estavamos, deixamos muitos meses de renda por pagar. O nosso amigo D. deixou-nos ficar em casa dele. uma casa sem água, que tinhamos de ir buscar garrafões de água para termos a nossa higiene e para as poucas refeições que faziamos. A outra casa onde estavamos era um luxo comparada para a que tinhamos ido... mas era apenas um desenrasque. Foi nessa casa que eu me comecei a agarrar, que passei a consumir mais e mais.... e a não querer saber de mais nada! Foi aí que deixei de viver.