sexta-feira, 9 de julho de 2010

Memórias de uma ex-toxicodependente # 6

   Durante essas férias,de Natal, eu vim para casa e o meu namorado foi para casa dele mas como não trabalhava e nem tinha carro para ir buscar droga, eu então, levava-lhe de dois em dois dias droga para ele não ressacar. Fazia 100 km de noite para ir ter com ele e regressar a minha casa. 
Lembro-me de uma noite, em que usei o aniversário de uma grande amiga para lhe poder ir levar droga, menti à minha amiga e fiquei de ir ter com ela a um bar. À ida adormeci e acordei com as bandas sonoras e na viagem de regresso, parei quatro vezes para  vomitar...        
Quando cheguei, eles já iam para casa. Mesmo para esquecer. Foi nessas férias que eu me agarrei à heroína, que eu comecei a saber o que era uma ressaca.
Chegava a ir buscar droga de noite, sozinha, a lugares que ficavam no meio do monte, houve um traficante que até me perguntou se eu não tinha medo que algo de mal me acontecesse,eu só lhe disse para olhar para mim, não valia nada, nem tinha nada.... se eu não queria ressacar tinha de arriscar. Ele apenas disse para ter cuidado. Quando tinha dinheiro mais cedo ou me fiavam( eu era certinha a pagar, eles(traficantes) confiavam em mim) geralmente ia a casa de uma gaja que me vendia, ou entao ia ter com o "empregado" dela. Uns meses mais tarde, acabou presa. Lembro-me de uma vez, eu estar às onze da noite à espera das gramas, quando ele está a regressar de um reabastecimento, esperei uma hora sozinha, a ressacar num sitio escuro, à beira de uma estrada onde poderia passar alguém que me conhecesse. Quando ele chegou deu- me a grama e eu pedi-lhe um "caneco" (coca), ele arranjou-me e diz-me que tem um quilo com ele e mostra-me isso mais a balança...eu olho para a estrada e vejo a GNR, avisei-o ele arrancou a gas e eu fiquei na beira da estrada com a droga e com o dinheiro, quase logo,  passa um carro com dois gajos a olhar para mim, assim um pouco suspeito. O carro seguiu e passados uns minutos o gajo aparece à minha beira.Pediu desculpa mas teve de fugir, porque senão ia preso. dei-lhe o dinheiro, fomos embora e eu fui levar a dose ao meu namorado.
Passado um tempo regressei à minha cidade universitária, sem casa, a morar de favor....





**continua**